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Anjos

Em um lugar somente reservado aos arcanjos, havia um pequeno quadro enviado de muito longe. Lá a conexão se fazia imediata. A imagem era alterada de acordo com o mais completo evoluir constante. Naquela tela eles poderiam olhar para eles mesmos. Às vezes sorriam, outras vezes recebiam em suas lindas asas um sentido de urgência incontestável. Somente anjos poderiam olhar para suas criações com tanta destreza e suavidade. A naturalidade invadia cada momento e as atitudes poderiam ser calculadas com gratidão e exatidão. Naquela tela cada um deles se fazia translúcido, vivo e verdadeiro. Todos viam com nitidez as trevas e louvores existentes em cada um daqueles seres. Lá não havia julgamento, apenas um constante estado de alerta e um olhar compassivo diante das dificuldades por todos enfrentadas. Sabiam que aquela tela refletia a vida de todos eles, como um canto triste em um dia de sol, ou o barulho do mar revolto em meio à paz das montanhas. Assim viveram, construíram suas asas e alçaram seus voos. Nunca houveram erros, era uma terra de recomeços.

Renata Feltrin

 
 
2020 © RENATA & KLANDER ESCRITORES. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
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